NOME DE JOGADOR


A Seleção Brasileira parece finalmente estar encontrando um caminho e começou a apresentar um futebol digno de sua história. O time começa a empolgar e encher os olhos. Na Copa das Confederações entrou em campo com autoridade de dono da casa e atropelou todo mundo, inclusive a Espanha, atual campeã do mundo. Agora, vamos aguardar a Copa do Mundo. Espero que não nos decepcione.
A única coisa que está me incomodando no nosso futebol é que os jogadores estão cada vez mais politicamente corretos. Ninguém mais diz besteira como o Claudiomiro que certa vez declarou: “é um prazer estar aqui em Belém, a terra onde nasceu Jesus Cristo”. E nem se vê mais línguas soltas como o Romário que debochava dizendo: “técnico bom é aquele que não atrapalha”. Hoje em dia, os atletas estão todos disciplinados, repetindo frases decoradas. A começar pelos discursos pós-jogo, com declarações escritas pelos assessores de imprensa: “o grupo todo está de parabéns”, “estou aqui para ajudar a equipe”, “o professor é quem decide a escalação”, etc.
O principal sintoma desse novo momento careta do nosso futebol está no nome dos jogadores. Olha só. Marcelo, Daniel, Thiago, David Luiz, Paulinho, Oscar, Julio Cesar... Parece um grupo de amiguinhos brincando no play. Pelo menos até agora, ao que tudo indica, os nomes bem comportados não estão atrapalhando o desempenho dos convocados dos “professores” Luis Felipe e Carlos Alberto. Sim, eu sei que usar apelidos não faria diferença, mas ficaria mais divertido e seria uma maneira de se preservar o espírito moleque do futebol. As exceções desse caso são o Neymar, cujo nome parece uma mistura de Ney com Marcia, e o Hulk que, apesar da fúria, ainda não garantiu a titularidade.
Houve uma fase simpática em que os jogadores eram identificados pelo seu lugar de origem. Ronaldinho Gaúcho, Renato Gaúcho, Marcelinho Carioca, Marcelinho Paulista, Juninho Pernambucano, Junior Baiano. Agora acabou. Jogador tem que ter nome de mauricinho. Ou então, carregam aquelas aberrações que tentam reproduzir em português os originais em inglês. Extravagâncias do tipo: Maicon, Dieyson, Uéliton, Randerson Clusuel... Sem falar do Nixon, do Lyndon Johnson e do John Kennedy, pobres crianças.
Foi-se o tempo em que jogador de futebol tinha um apelido brincalhão ou um nome mais adequado pra prática desse apaixonante esporte bretão, que tantas alegrias tem nos dado: Tostão, Didi, Careca, Pelé, Manga, Zagallo, Dinamite, Falcão, Zico, Sócrates, Casagrande, Branco, Cafu, Alemão, Dadá, Vavá, Kaká. E Mané Garrincha que, pra quem não sabe, é nome de passarinho.
Tempo bom.

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